Projeto desenvolvido na PUC facilita mobilidade de cadeirantes


Uma cadeira de rodas motorizada que pode ser controlada a distância pelo próprio usuário é a mais nova criação tecnológica de um grupo de jovens estudantes mineiros. O projeto, em desenvolvimento no curso de engenharia eletrônica e de telecomunicação da PUC Minas, pretende facilitar a vida de pessoas com necessidades especiais. Toda a pesquisa vem sendo desenvolvida há cerca de um ano pelos alunos do último período do curso Bruno Araújo, Cristian de Souza, Elisângela de Souza, Marcus Vinícius Zaza e Vinícius Lopes da Silva, tendo como orientador o professor Mário Buratto.

“Nosso trabalho nasceu da iniciativa de uma usuária de cadeira de rodas motorizada. Ela dirige veículos automotores e está sempre em busca de maior independência, mas convive com a constante necessidade de contar com a ajuda de alguém para entrar e sair do carro. Levantou um dia essa questão com o professor Mário Buratto, que então apresentou ao nosso grupo o desafio de construir um controle remoto para ativar funções da cadeira”, conta Elisângela. Desafio aceito, os jovens alunos tiveram dois períodos na faculdade para desenvolver o projeto. “Com base em estudos de mercado sobre o funcionamento de cadeiras de rodas motorizadas e as necessidades dos usuários desse tipo de produto, surgiu um protótipo de dispositivo capaz de permitir o controle remoto a distância da cadeira: a Interface Spadam”, explica.

A primeira fase do projeto consistiu em levantar requisitos e benefícios que esse tipo de controle poderia trazer, e como seria implantado. Essa etapa foi finalizada com o escopo definido e com a ideia de criarem um aplicativo para tablet ou smartphone com sistema operacional Android e um hardware para simular o controle da cadeira, sendo que o aplicativo acionaria o hardware. “Pensamos na necessidade de instalar diversos sensores na cadeira, para que pudéssemos ser avisados sobre a distância dos obstáculos, evitando colisões, além de uma câmera à frente do assento, como se fosse a visão frontal de uma pessoa sentada”, explica Bruno Araújo, ressaltando que, como benefício, o usuário poderia pôr e retirar sua cadeira de um veículo usando apenas um celular ou um tablet.

O grupo comprou, então, nos Estados Unidos, um controle para estudar seu funcionamento. “O controle era totalmente codificado e nem usando os mais avançados equipamentos eletrônicos disponíveis nos laboratórios da PUC conseguimos decodificá-lo. Concluímos que ele usava um protocolo próprio de comunicação e que não conseguiríamos enviar à central da cadeira a mesma sequência de dados que o dispositivo geraria durante os movimentos. Descobrimos que a cada movimento do controle da cadeira, determinados valores de tensão eram gerados. Diante disso, criamos um hardware que gerava os valores de tensão, que eram enviados à central do controle, permitindo, assim, o movimento da cadeira”, relata Bruno.

A partir daí, o grupo foi dividido por funções: Elisângela cuidou do hardware que gerava valores de tensão, que seriam enviados pelo controle; Cristian de Souza e Vinícius Lopes analisaram os tipos de sensores no mercado e concluíram que, para o caso, os do tipo ultrassom seriam os mais adequados. Bruno e Marcus Vinícius Zaza, com ajuda do orientador, desenvolveram a página web que, por meio do tablet ou smartphone, enviaria para a cadeira o sinal que é recebido pelo hardware e que gera o valor de tensão, de acordo com o que seria clicado na tela do equipamento.

“Dispensamos a ideia de desenvolver a ferramenta para Android e simplificamos o processo criando uma página em código HTML”, conta Bruno, explicando que essa página tem cinco botões para acionamento: Frente, Trás, Direita, Esquerda e Parar. Abaixo de cada um dos botões, encontra-se a leitura dos sensores da cadeira, com indicação da distância (em centímetros) dos obstáculos e as imagens produzidas pela câmera. “Os equipamentos usados foram o Raspberry, um computador do tamanho de um cartão de crédito, uma placa Arduíno, sete sensores ultrassônicos e uma buzina”, acrescenta.

O Raspberry gera o sinal wi-fi, que, usando um servidor web, hospeda a página, que, acessada pelo dispositivo móvel, identifica e conecta-se à rede Spadam. A página é carregada com os botões e o Arduíno recebe os comandos, que entram pelo Raspberry via rede sem fio, e os envia para o hardware, que converte as informações para um valor de tensão que depende da velocidade ajustada no controle da cadeira. Os sensores – três na frente, dois de cada lado e um traseiro – calculam a distância dos obstáculos e exibem as informações na tela. “O usuário decide, então, como quer operar a cadeira: via controle original ou pelo dispositivo portátil”, explica Bruno.

Carro

“Creio estarmos criando um produto muito útil para pessoas com necessidades especiais”, acentua Elisângela, complementando que com esse protótipo o usuário vai poder realizar tarefas diárias com maior autonomia, como ir e vir em um automóvel, sem se preocupar com ajuda para pôr e retirar a cadeira do carro.
Autor: Silas Scalioni

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